sexta-feira, 31 de julho de 2015

Carta para mim mesma em dias de TPM, por Ruth Manus

Bom dia, linda.
Linda, isso mesmo. Você é linda, pra começo de conversa, apesar do inchaço, das espinhas e das olheiras.
E o dia vai ser bom sim, por mais que não pareça. Está tudo ok, gatinha, sem neurose.Eu sei que seus pés estão parecendo bisnaguinhas, seus seios estão super doloridos e seu apetite totalmente alterado. Eu sei que você está tomada por uma irritação monstruosa e está tentando se controlar para não jogar um copo (ou uma pessoa) contra a parede. Eu sei que bate uma vontade de chorar a cada 10 minutos, que parece que o mundo te virou as costas e tudo está indo de mal a pior. Eu sei que você olha para o espelho e vê um misto de Shrek, Vandinha Addams e Alf, o ETeimoso. Eu sei que você provavelmente quer se vestir de preto dos pés à cabeça, porque é o mais perto que você consegue chegar de uma burca. Eu sei que você se culpa por todos os problemas do mundo. Pelas crianças famintas na África, pelo aquecimento global e pela ameaça de extinção do mico leão dourado. E o pior: que você se culpa por não conseguir domar minimamente suas emoções.
Escuta, linda.
Shit happens. Não se culpe não.
Vamos tentar pegar leve.
Sei que se eu te disser pra ir correr no parque, tomar um suco verde e fazer uma drenagem, você me mata. Sei que você quer cama, edredom, panela de brigadeiro e controle remoto. Mas vamos tentar não nos afundar muito, tá? Um suco de maracujá vai ajudar. Uma amiga por perto também. Beba bastante água, você precisa desinchar. E, sério, não caia na cilada de achar que o café e o álcool vão ajudar. Não vão, você sabe disso. Não discuta relação hoje. Não pense sobre o futuro da sua carreira. Não critique seus pais. Aguarde 2 dias para tudo isso.
Não assista Meu Primeiro Amor. Nem Bambi. Nem Ghost. Nem Titanic. Muito menos O Menino do Pijama Listrado. Não ouça a Adriana Calcanhotto arranhando os seus discos. Nem a Whitney Houston gritando que vai amá-lo para sempre. Nem o Djavan desaguando no oceano. Muito menos aquela música da Carolina Dieckmann raspando o cabelo na novela.

Evite cartas antigas.
Evite exageros.
Evite o cartão de crédito.
Evite seu ex.
Evite mudar o visual.
Evite o saleiro.
Mas se quiser chorar, chore. De preferência no banheiro, para não ter que se explicar. E se alguém perguntar por que você está com essa cara deformada, diga que é alergia a pólen.
Se estiver com muita raiva, grite no carro ou com a cara no travesseiro. Dê uns socos no colchão. Mas não faça malcriação para as pessoas queridas. Nem grosseria com o seu chefe ou com o seu estagiário.
E não use a TPM como desculpa para fazer o que bem entender. Nem para fazer o que geralmente não tem coragem. TPM não é salvo conduto para fazer coisa errada. Você está desequilibrada, mas não se tornou uma inimputável.
Mas a verdade é que a TPM existe.
E a gente sofre, por mais que muitos digam que é exagero.
(e por mais que muitas, de fato, exagerem)
Então cuide de você, menina. Se faça carinhos.
Um banho gostoso no escuro (sem demorar muito, especialmente se você morar em SP), com uma musiquinha inofensiva, tipo Aretha Franklin cantando I Say a Little Prayer.
Se dê uma boa noite de sono. Vá pra cama mais cedo, com aquela camisola mais gostosa do mundo, meião esticado e 4 travesseiros.
Abrace as pessoas amadas, que não vão te julgar se você der uma choradinha sem sentido e começar a balbuciar coisas ininteligíveis.
Assista O Diário de Bridget Jones. Impossível não se sentir melhor.
Leia umas páginas de Cora Coralina. Uns versos de Vinícius. Umas crônicas do Veríssimo.
Não se inquiete tanto.
Não se autoflagele.
Não se puna.
Não se culpe.
Não se estrague.
 E, acima de tudo, lembre-se, gatinha: você está enxergando tudo 3 vezes maior do que é: seus problemas, suas dúvidas e principalmente os seus quadris.
 Vamos lá, bonita! Bom dia! Em alguma medida, te juro que está tudo bem! ♥”

terça-feira, 28 de julho de 2015

Pra começar...
Cá estou eu fazendo algo simples para alguns, mas muito especial para a minha caminhada...
Escrevendo. Simplesmente por escrever, por fazer algo que há "uma vida" andava adormecido.
Até hoje não entendo muito bem minha escolha profissional! Claro, tive meus motivos, e o mais óbvio deles, além da aptidão, era que precisava fazer algo que me possibilitasse sustento, seguir algumas metas a médio prazo.
Então, deixei de lado a menina que sonhava em ser escritora, redatora de jornal, aquela que queria viajar o mundo e trazer em seus papéis um tantão de histórias pra contar e lindas imagens em sua inseparável câmera.
Mas de nada me arrependo. Fiz o que precisava ser feito no momento, escolhas essas que me renderam colher os frutos que plantei.
Hoje ainda consigo conciliar a paixão pela fotografia como uma segunda profissão, o que pra mim é um privilégio, sou muito grata por cada oportunidade!
Minhas palavras por aqui, talvez realmente só sirvam para satisfazer meu "eu", para o meu próprio desabafo, meu próprio contentamento!
Mesmo assim o farei, impulsionada por um desejo íntimo e antigo. E ainda assim estarei satisfeita, feliz. 
Sempre grata a Deus pelas pessoas do bem que colocou em minha vida, me sinto movida também por palavras incentivadoras das amigas Fernanda e Karin que em momentos distintos me fizeram uma mesma pergunta, que foi mais ou menos a seguinte: "E escrever? Você sempre gostou tanto..."
E eis que uma fotógrafa linda que admiro muito como profissional e ser humano, a Vanessa, me responde um e-mail em que diz que sou uma pessoa "empolgada e intensa" (assim como ela!), e assim traz à tona toda a motivação de querer colocar em prática este simples sonho, que havia ficado adormecido em minha caixinha de coisas especiais (caixinha como a dela!).
Também me lembro que certa vez eu disse a um amigo que eu gostaria de deixar de ser sentimental, chorona... E ele me respondeu: "Mas se deixar de ser assim, não será você". Você é uma pessoa assim, sensível.
Verdade.
Sou isso mesmo: sentimental, chorona, sensível, delicada, forte quando é preciso, (e na vida é sempre preciso!) mas procuro nunca perder a doçura, a minha essência permanece. Também amo sorrir, sou realmente intensa, com um coração cheio de amor, e uma busca constante para ser melhor a cada dia, e fazer o bem, sem olhar a quem!